Sua Banda Favorita Fez Merda? Deixe de ser otário e reconheça

O texto abaixo é uma tradução livre do editorial postado pelo proprietário do blogsite METAL SUCKS no último dia 23 de julho. O editor posta sob o pseudônimo EMPEROR RHOMBUS, e assina o rompante.

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O SLAYER é minha banda favorita, e eu vou amar a todos eles para sempre, mas não vamos fingir que eu escuto a ‘Undisputed Attitude’ todo dia. Aquele disco não é o pior, mas não é ótimo, e há muito poucas canções nele que me inspirem a colocá-lo para tocar [“Gemini”, ocasionalmente]. O mesmo pode ser tido sobre muitas outras músicas do Slayer – eu colocarei “Americon” no som algum dia? Isso não me torna menos fã do Slayer. Meu amor pelo Slayer passou da simples adoração; eu gosto daquela banda o suficiente agora que sou honesto comigo mesmo sobre os momentos mais cagados deles.

 Em certo momento, amar uma banda significa confrontar suas falhas. Fingir que os piores momentos de um músico são maravilhosos causam injustiça àquele músico, e se você é um jornalista, é um ‘vai se fuder’ para seus leitores. Eu não tenho certeza de algum artista possui uma carreira sem erros, porque material de qualidade inferior ajuda a cultivar e formar aquelas obras realmente incríveis. Agir como se um artista nunca errasse os torna em um tipo de figura inumana que ele ou ela provavelmente não quer ser [eu redigi um argumento parecido quanto a tratar músicos falecidos do metal como anjos].

 Depois de minha recente resenha do novo disco do Lamb Of God, surgiram vários comentários afirmando que eu obviamente não gostava da banda, e que as pessoas que não gostam de uma banda não deveriam ter permissão para resenhar seus discos. Os dois argumentos são incorretos. Quanto ao último, se blogs e revistas só designarem que as resenhas sejam feitas por paga-paus, seria um desfile de chupação de rola. Enquanto isso, eu adoro Lamb Of God. Só pra constar, eu menciono repetidamente ao longo de minha resenha que eles são uma banda incrível. Mas eu não gostei desse disco como gostei de outros no passado, então não dei uma qualificação cinco estrelas porque eu respeito ao Lamb Of God o suficiente para tê-los em meu padrão musical.

 Certas bandas não gostam de tal ideia, porque ao questionar a habilidade delas, podemos fazer com que ela pareça ser ‘uma outra banda qualquer’. Pegue os fãs de Kiss, por exemplo. É interessante que o Kiss batize seu fã-clube como ‘Exército do Kiss’, baseando-se em um grupo de pessoas cujo principal objetivo é seguir às ordens de seus superiores [pode-se apontar também para a Slaytanic Wermacht, inspirada nas tropas de defesa da Alemanha – porra! ]. Mas essa sempre foi a do Kiss – “Não interesse se tirarmos a maquilagem ou lançarmos uma música para aderir à modinha da discotheque, se você for um fã de verdade, você simplesmente engole isso. ” Mas vamos ser racionais, Paul Stanley é só um sujeito normal – ele vai ao banheiro, paga suas contas, e de vez em quando escreve músicas para encher linguiça porque ele tem um prazo para entrega-las. Os fãs de verdade reconhecem isso sem considera-lo como uma falha fatal.

 Essa é a espinha dorsal desse site, na verdade. Nada é mais engraçado do que alguém que fica puto conosco por causa do nosso nome. PENSAR EM METAL COMO ALGO INFALÍVEL É RASO E ESTÚPIDO. Claro, é alto pra caralho, é mais forte do que todos, e nunca vai morrer. Isso é fato. O METAL TAMBÉM ESTÁ CHEIO DE CUZÕES DONOS DA VERDADE, HIPSTERS QUE QUEREM PASSAR UMA IMAGEM DO QUE NÃO SÃO, ASTROS DO ROCK INTENCIONALMENTE IGNORANTES E BLOGGERS IRRITANTES. O metal não é o refúgio dos sujeitos esquisitos que se entusiasmam demais com as coisas porque ele é belo e puro, o que eu não tenho certeza que é o que qualquer um de nós quer ser. É exatamente o contrário – OS METALHEADS AMAM TER UM ANTAGONISTA NA CENA. NÓS GOSTAMOS DE SALVAR AQUILO QUE NOS FEZ UM SÓ DAQUELES QUE O PERVERTERIAM PARA SEUS PRÓPRIOS FINS. No fim das contas esperamos que todas essas tribos possam se unir sob o mesmo ideal. Mas sempre haverá algo que não conseguimos tolerar. Sempre haverá uma música só pra encher linguiça no disco.

 Em sua autobiografia, Lemmy Kilmister menciona que, acima de tudo, ele tenta ser um homem honesto. O Metallica tem uma referência similar em ‘Damage Inc.’ – ‘Honesty is my only excuse’. Amamos esse tipo de música simplesmente porque gostamos, foge a nosso controle. Então não vamos nos enganar pensando que nada nesse gênero é lixo ou bobo ou chato pra burro. Como fã leal de uma banda, é seu dever reconhecer quando certas músicas são melhores do que as outras, e quando algumas são absolutamente ruins. Isso não significa que sua banda favorita não mereça sua total devoção. Pelo contrário – eles mostraram que possuem falhas, o que os torna mais parecidos com você. Eles não estão em um pedestal olhando de cima para baixo em sua direção, eles estão na muvuca bem ao seu lado, cantando junto.

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