Facada no peito da Apple: Sony disponibiliza todo seu catálogo em DSD

Por Alan Taffell para a Absolute Sound

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Em uma altamente promovida coletiva de imprensa ocorrida no último dia 4 de Setembro em Nova Iorque, a SONY revelou uma estratégia multidiversificada para “fornecer áudio digital de alta fidelidade a um público mais amplo”. A explicação da Sony para querer fazê-lo seria evidente para qualquer aficionado pelo assunto, mas foi digna de nota vinda de uma empresa de mercados de massa. “Houve uma mudança no modo que a música é apreciada”, declararam executivos no palco do Lincoln Center. “O MP3 oferece uma conveniência maior, mas ao custo de qualidade sonora. Muitos ouvintes mais jovens nunca experimentaram, em toda sua vida, suas gravações favoritas com o tipo de qualidade que o artista e o produtor almejavam.”

Bem, claro. Ainda que seja gratificante ouvir uma empresa influente como a Sony criticar tal situação. Mas o que eles vão fazer a respeito? Muita coisa.

Primeiro, a Sony está abrindo liberadamente seu extenso catálogo musical para serviços de download de alta resolução. Isso inclui masters da Universal, Warner e Sony Music – uma imensidão de material. Eu perguntei a David Chesky, da HDTracks, que estava presente, quanto de material havia disponibilizado para ele. “Tudo, por assim dizer”, ele disse. Isso inclui muitos discos gravados em DSD, downloads dos quais a Sony está adotando. Dentre muitos, o site Acoustic Sounds, sujo presidente Chad Kassem também estava presente ao evento, já lançou um serviço do tipo: Superhirez.com.

Sony UDA-1 USB Hi-Res DAC System for PC

Além do acesso ilimitado a títulos em alta-resolução, a Sony também acredita que os consumidores fiquem confusos com a gama de formatos, plataformas e interfaces associadas com o áudio de alta resolução. Para combater esse problema, a empresa está introduzindo uma nova linha de produtos que visa facilitar o uso da alta resolução em áudio. Por exemplo, cada um dos quatro novos produtos toca virtualmente qualquer formato de áudio, incluindo os de propriedade da Apple, desde o MP3 até o DSD duplo. Isso significa que os consumidores simplesmente não precisam se preocupar com tais coisas; qualquer arquivo digital roda. Cada modelo também inclui funções para facilitar a transferência de material digital do PC para o playback.

Os novos componentes, todos disponíveis ainda esse mês, custam de US$ 799 [R$1800] até US$ 1999 [R$ 4500]. Cada modelo foi desenhado com um ‘estilo de vida’ específico em mente. Para o consumidor usuário de computadores, o mais barato UDA-1 [US4 799] serve muito bem de DAC e amplificador de escrivaninha. A empresa espera que o modelo seja muito usado com fones de ouvido, mas ele tem potência suficiente [20 wpc] para alimentar um par de falantes pequenos, com os novos SS-HA1 [US$599/R$ 1360] e SS-HA2[US$349/R$800] perfeitos para desktops. Além disso, enquanto o USB possa será principal interface, o UDA-1 também fornece entradas coaxiais e óticas, assim como uma saída de linha. Com tais características, o UDA-1 pode começar sua vida na escrivaninha, mas depois migrar pra sala de estar.

Para aqueles já acomodados na sala de estar, o HPA-51 [US$999/R$2300] dobra a potência e ainda vem com um HD de 500 GB. A capacidade pode ser aumentada por meio de um drive NAS. O módulo, portanto, é essencialmente uma combinação de servidor musical, conversor digital-analógico e amplificador. Ainda falando em conveniência, o HPA-S1 sincroniza automaticamente a música entre seu disco rígido e um computador por meio de uma rede com ou sem fio. Dali, a discoteca é exibida em uma tela no painel frontal cujo GUI é produto da GraceNote.

Para o mercado de home theaters, a Sony está oferecendo um upgrade grátis de firmware para os receivers STR-DA2800ES e STR-DA5800ES. O upgrade possibilitará esses produtos já existentes a executarem todos os formatos de áudio através de sua entrada USB. É de se presumir, já que a decodificação do DSD requer hardware especializado, que os receivers da Sony converterão os fluxos DSD para áudio em PCM. Mas esse nível de tecnicalidade – tal como a Sony me informou quando eu perguntei de quem era o chipset do DAC que eles usariam dentro dos novos produtos – “é pra outra conversa”.

E enfim, para os amantes do hi-end, a Sony está colocando sua chancelaria ES em um novo servidor/DAC, o HAP-Z1ES [US$1999/R$4500]. Além de uma construção muito mais sólida – levantar o HAP-Z1ES depois de levantar o HPA-S1 mostra o quanto – o modelo top de linha tem várias funções únicas, incluindo um ‘mecanismo de remasterização’ que faz um upsample virtual de qualquer formato de áudio para Double DSD. Também há saídas equilibradas e transformadores de energia separados para módulos diferentes. A linha inclui um HD de 1 TB que, tal como nos modelos inferiores, é infinitamente expansível através de um ou mais drives NAS.

Sony HAP-Z1ES 1TB Hi-Res Music Player

Obviamente, a Sony não colocaria sua força máxima de engenharia por trás de tais produtos a menos que se sentisse confiante de que eles venderão. Evidenciando tal confiança está uma recente pesquisa onde 90% dos consumidores citam a qualidade de som como o elemento mais importante na experiência auditiva – até mais importante que o conteúdo! Desses, 60% disseram que eles estariam dispostos a pagar mais por um som melhor. Não coincidentemente, a CEA está encorajando suas empresas afiliadas, o que quer dizer quase toda grande fabricante de eletrônicos, a integrar o que se chama de HRA [High Resolution Audio] em seus produtos.

Mas a Sony não está planejando simplesmente soltar esses produtos em exposições corporativas e esperar que eles se vendessem sozinhos. A inventora do SACD está investindo consideravelmente em marketing de áudio em alta resolução. Além de abrir seu catálogo e introduzir novo hardware, esse direcionamento mercadológico é a terceira perna da estratégia da Sony. Todos os quatro players serão divulgados extensivamente na mídia impressa e digital. Todos virão pré-carregados com uma amostra de música em alta-resolução. A Sony até criou um portal online, Sony.com/hires, para ajudar a explicar os benefícios do novo formato para os novatos. Também haverá demonstrações em lojas, reforçadas por intenso treinamento de revendedores. A Sony parece estar levando a sério expor o público mais jovem e mais amplo aos benefícios da alta resolução.

Herbie Hancock at Sony's Press Event

Eles explicaram bem o conceito na coletiva de imprensa. Além dos executivos da Universal [da Sony], Warner e Legacy, a empresa trouxe o lendário HERBIE HANCOCK. Hancock contou sobre sua primeira vez ouvindo um arquivo digital de alta resolução e sua reação. A sessão ocorreu em seu próprio estúdio, tocando seu próprio álbum [o último dele, “The Imagine Project”], que ele havia gravado e mixado pessoalmente naquele mesmo local.

Hancock disse que ele esperava que o arquivo em alta-resolução soasse melhor do que um MP3, e que na faixa “Don’t Give Up”, isso com certeza aconteceu. “Foi quase como um som em 3D.” Mas o que ele não contava era o pulo de diferença do CD pra alta resolução. Quando ele mudou pro CD, “O som começou a se fechar; ficou menor, menos encorpado.” O músico tornou-se instantaneamente um convertido ao DSD. “Se os entusiastas por música passarem por essa experiência, a coisa toda pode mudar.

Depois da coletiva, a Sony disponibilizou o produto para apreciação, audição e análise sob boas condições. A meu ver, todos os modelos novos tem uma aparência muito encantadora, especialmente os prateados. Quanto ao som, a Sony propiciou aos jornalistas uma audição com o sistema ancorado pelos falantes SS-NA2ES com o servidor HAP-Z1ES. A meu pedido, a Sony tocou “Spinning Wheel” do BLOOD, SWEAT AND TEARS, O resultado foi o que poderíamos esperar de um bom DSD: uma apresentação completamente não-digital, ritmos supremamente sólidos, e timbres coloridos. Na verdade, o DSD soou bem reminiscente do LP de vinil remasterizado desse mesmo título.

Se os novos produtos da Sony irão por fim propiciar condições mais controladas para os audiófilos, ainda saberemos, mas não há como negar a visão, ousadia e virtude da iniciativa da empresa em levar o áudio em alta resolução para as mãos e ouvidos de mais pessoas. Vamos esperar que isso seja o começo de uma tendência maior.

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